'FARMÁCIA DO PEDRINHO'...
... segue esta foto do 'próprio' com sua esposa Reni, tirada em Santos, no dia 9 de janeiro de 1935 (foto do álbum de família). |
Na nossa época quase ninguém se referia à sua farmácia como 'Nossa Senhora do Rosário', falávamos 'A Farmácia do Pedrinho' (Pedro de Almeida).
Falecido há 30 anos, com o tempo seu nome dissociou-se da farmácia que fundou na esquina da Av. S. Carlos com a rua XV de Novembro, embora continue sob a direção de um de seus filhos e netos.
Em 3 décadas expandiu-se em uma rede de quase 20 filiais, é uma potência, mas a saudade daqueles tempos e daquele homem inteligentíssimo e muito bem humorado continua muito grande.
Tive a sorte de conhecê-lo pessoalmente, pois um tio e padrinho meu era também tio dele, embora não fôssemos parentes, haja vista esse meu tio ser casado com a irmã de minha mãe.
Figuraça, com o jeito e sotaque bem caboclos, permitam-me dissertar agora uma passagem muito interessante que o Pedrinho viveu em S. Paulo.
Naqueles tempos, década de 50, se viajava muito mais de trem do que em qualquer outro tipo de transporte.
O Pedrinho certo dia desembarcou na Estação da Luz e pegou um taxi para ir a um local qualquer.
O chofer metido a esperto, vendo que ele chegara do interior com seu jeito de falar parecendo um matuto, quis aproveitar a ocasião para ganhar "um dinheiro a mais", e deu muitas voltas pelas cercanias até chegar ao destino.
Sem se abalar, assim que o auto parou o Pedrinho pegou uma quantia em dinheiro bem inferior ao que marcava o taxímetro e entregou ao motorista no final da corrida.
Inconformado, esse voltou-se ao passageiro cobrando o valor real que o taxímetro marcava, que era quase o triplo do que o Pedrinho lhe pagara.
Mais calmo ainda, o sancarlense explicou o seguinte, com sua voz natural serena e pausada:
- "Ora, o senhor me pegou na rua Mauá, passou pela rua tal, avenida tal, passou em frente ao prédio tal, depois virou a rua tal e pegou a rua tal, a alameda tal, rua tal, avenida tal, passou sobre o viaduto tal, virou a direita na travessa tal, depois entrou pela rua tal, travessa tal, avenida tal, tal, tal, tal.." (e foi nomeando cada via de acesso até chegar ao destino.)
E prosseguiu:
- "Mas, se o senhor tivesse feito o trajeto correto, teria saído da rua Mauá, pego a Cásper Líbero, Ipiranga, São Luiz e a Xavier de Toledo, chegando neste mesmo ponto onde estamos agora em menos da metade do tempo e três vezes menos dispendioso, valor que é exatamente o que estou lhe pagando agora. O senhor vai aceitar o que estou lhe oferecendo ou prefere continuar a corrida até o Segundo DP na rua tal, número tal para eu explicar o ocorrido ao Delegado fulano de tal???"
O taxista não disse palavra, pegou o dinheiro, o Pedrinho saltou e o cara foi-se embora.
Muita saudade da gente dessa geração bem mais velha do que eu com a qual tive a honra de ter sido criado.
Abraços.
Valentim
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